ESB

Como tudo começou

No encontro de muitas histórias, desejos e inquietações se situa a criação da ESB, em 1983, quando as pessoas integradas a este projeto aliavam a juventude de três mulheres, entre 20 (vinte) e 21 (vinte e um) anos. Após quatro anos de existência, a organização estava sob a responsabilidade de uma jovem educadora, Sylvana Torres e uma profissional da educação com experiência profissional na área, Sra. Dóris Marschall. As duas educadoras, tia e sobrinha, traziam em sua história a atuação na Escola Brasileira de Educação e Ensino, instituição muito tradicional e reconhecida na cidade naquele período.

Sylvana e Dóris lançavam-se em leituras sobre as teorias de aprendizagem, não só preocupadas em como ensinar, mas sobretudo, como aprender, sob a influência dos fundamentos psicológicos da educação. As leituras de Rogers, Froebel e Maria Montessori, encantavam e reafirmavam o ideal de uma escola mais aberta aos desejos e iniciativas dos alunos, com relações menos autoritárias e punitivas, mais criativas, humanas e respeitosas. Acreditavam no potencial dos alunos como pessoas, e no papel do professor que acompanhava e facilitava o processo de aprendizagem. Ao lado da produção intelectual, abstrata e distante, pretendia trazer a prática, a vida. Desta forma, a ESB se notabilizou na comunidade como uma instituição de ensino que realizava muitos estudos extraclasses. 

Concordavam com Maria Montessori e os princípios por ela defendidos: “aprender não é algo que precisa ser forçado ou incentivado, mas algo que os seres humanos fazem naturalmente”; e mais: importa na educação promover espaços para autonomia, acreditar na importância e no valor de descobertas espontâneas e conquistas seguindo um ritmo natural. Tais premissas orientam o papel dos educadores: acompanhar atentamente os processos de aprendizagens para auxiliar, se necessário. 

Com a posição cognitivista de Piaget, a ESB abrigou a premissa do desenvolvimento cognitivo como um sistema de transformação contínuo e orientado por fatores internos e externos. O movimento contínuo de leitura da escola, como um organismo vivo e pulsante, nos levou aos estudos de Vigotski, o que fortalecia na ESB a convicção de nosso papel social para a formação do cidadão, comprometido com o exercício responsável da crítica e participação, ressaltando assim seu papel social na construção de um mundo mais humano e justo. As visitas e expedições à cidade, muito adotadas pela escola, favoreciam a reflexão e um viés crítico das situações vivenciadas pelos alunos. 

Mais de uma década e a escola revisitava suas ações, impulsionada pelas demandas das próprias crianças e pelo contexto em que viviam. Neste momento, a professora Sylvana Torres ingressava no Mestrado em Educação, na área de Educação e Linguagem, muito interessada na produção de texto escrito, aspecto sob o qual a escola se destacava no bairro. Assim, o conhecimento com Vigotski e Bakhtin passaram a fazer parte das discussões da escola.

Projeto pedagógico

A ESB propõe um trabalho pedagógico diferenciado, a partir dos princípios da abordagem Histórico-Cultural. Considera o sujeito que se constitui a partir da relação com o outro, em interação social, emergente em uma cultura, que envolve os meios socialmente estruturados, os instrumentos e a linguagem. Assim, as ações organizacionais são cuidadosamente planejadas para mensurar os possíveis reflexos humanos, sociopolíticos, legais, financeiros e aumentar suas possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem.

A escola prioriza todos os aspectos do desenvolvimento humano, incluindo a afetividade, o trabalho em equipe, o sentido de coletividade, a criatividade, dentre outros, alicerçados no conforto socioemocional e no forte trabalho pedagógico nas habilidades de linguagens, como plataforma propulsora para as demais áreas de conhecimento humano.

O projeto pedagógico da escola com seu contorno teórico em torno da Abordagem Histórico-Cultural, cujo, o principal expoente é Lev Semenovich Vigotski, considera os aspectos sociais, políticos e culturais voltados para a formação da cidadania plena, adotando uma perspectiva psicopedagógica na qual o aluno é um ser capaz de construção de sua autonomia mediado por diferentes contextos.

A escolha desse pressuposto teórico se constituiu pelo movimento histórico, cultural e social da ESB ao longo de sua trajetória de instituição privada comprometida com o saber, a formação plena do cidadão e nos discursos práticos apresentados em diferentes espaços de formação do saber e fazer escolar. 

A escola entende que o desenvolvimento do homem ser inicia com o nascimento. Sendo assim, quando a criança chega à escola já percorreu um longo caminho, tanto no desenvolvimento quanto na aprendizagem. Portanto, a aprendizagem escolar não começa no vazio. Assim, estabelecemos relações com o mundo, servindo de mediações presentes nele e em nosso grupo sociocultural. 

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